terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Torno

O cotidiano embruteceu sua alma.

Tornado frio e cinzento pela repetição do imperativo econômico, desaprendeu a ler poesias. De sua memória desvaneceram os pensamentos mais coloridos, as prosas mais deliciosas, as palavras mais sedutoras...

Tornado profundo em linhas retas demais, um geômetra cartesiano descasado das belas formas curvilíneas.

Pois entendam, meus caros, que a beleza está na curva. Na linearidade, apenas a certeza.

Mas somente o caos é certo.

Tornado caótico pela delongada continuidade da tarefa, ousou ousar em um mundo descontinuado. Ousou se permitir viver cambaleando.

Tornado trôpego em palavras moles, esteve certo de que uma vida linear era apenas uma possibilidade teórica.

Um advento literário.

Como tudo.

 

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